Tecnologia

Para onde irá o Google?

Nos primórdios da Internet, o que se via como o modelo ideal de negócios na rede era a criação de grandes portais verticais de notícias e serviços. Daí, surgiram sites como Yahoo!AOL e MSN.

Paralelamente, surgiram as pesquisas, que eram vistas como apêndices dos portais.

Posteriormente, surgiu a Google, que revolucionou as buscas e acabou por determinar novos caminhos para a Internet.

A hoje gigante das buscas sempre se caracterizou pelas buscas horizontais. Quando ela, no entanto, firmou o contrato para a compra da ITA Software, ficou clara a mudança de estratégia da empresa. Em outras palavras, a Google está, aos poucos seguindo para as buscas verticais, tal como o Bing.

Fiquei, então pensando: qual poderia ser a estratégia da Google para os próximos 10 anos?

É muito difícil fazer uma previsão para um período tão longo. No entanto, tentarei, com dados de hoje, prever o que ela fará neste período de tempo.

Acredito que seus produtos e serviços seguirão os seguintes eixos principais:

    1. Tudo na nuvem:
      • O Google Docs, o YouTube, o Picasa e outros já vinham dando a noção da visão da Google de que tudo deve ser feito e armazenado na grande nuvem da Internet. Agora, com o Google Chrome e o HTML5, isto toma outro patamar.
      • A grande quebra de paradigma, no entanto, será o Chrome OS, que transferirá para a nuvem parte do próprio sistema operacional, o que dependerá, obviamente, da aceitação do usuário final, que sempre tem dificuldade de mudança de plataforma quando se trata de sistemas operacionais.
      • Acredito que, no futuro, poderá haver até uma versão web do próprio Android.
    2. O mundo é móvel:
      • Eric Schmidt já deixou claro há pouco tempo que o Android OS não é apenas um sistema operacional para celulares, mas uma verdadeira estratégia destinada a competir pelo crescente mercado de buscas por meio de dispositivos móveis.
      • Todos os produtos e serviços da empresa, daqui para frente, deverão ter versões para tais dispositivos, quando não criados exclusivamente para eles.
    3. O software é um serviço:
      • Como já demonstrado com o Google Docs e outros produtos, a Google pretende invadir o mercado corporativo com soluções de software baseados na nuvem, cobrando pelo serviço prestado, dispensando os usuários de possuir custosos departamentos de informática e estruturas de processamento e armazenamento de dados.
      • No futuro, a Google deverá passar a competir também nos ramos de ERP, GED, CRM, logística, etc. Para tanto, poderá construir produtos próprios ou crescer por meio de aquisições, como por exemplo, a da Salesforce, sobre a qual já muito se falou.
    4. Preciso ser forte, senão você me abandona:
      • A Google deve ser a maior consumidora de recursos de processamento de dados e banda de Internet do planeta. Em função disso, precisa ter à sua disposição uma infra-estrutura sempre muito atualizada de forma a garantir a boa prestação dos serviços.
      • Acredito que, nos próximos 10 anos, ela tenderá a investir fortemente em grandes redes submarinas de cabos de fibras óticas, de modo a formar uma rede poderosa a ligar todos os continentes. Possuir estas redes submarinas próprias garantiria que as informações circulassem livre e velozmente entre os diversos usuários.
      • Penso também que tenderá a evoluir muito as redes locais de Internet sem fio fornecidas pela Google, com ou sem cobrança de tempo de uso.
      • Da mesma forma, necessariamente, crescerão os centros de dados da empresa em todo o mundo e eles tenderão, cada vez mais, a usar energias renováveis, porque isto está sendo muito cobrado de todos os grandes consumidores de eletricidade.
    5. Todos nós enxergamos em três dimensões:
      • A nova tendência da mídia é o 3D, apesar do que ainda não se saiba muito como ela repercutirá na Internet. Entretanto, estejamos certos de que a Google não deixará de ter produtos em 3D.
      • O próprio YouTube já está fazendo alguns experimentos.
    6. Todos nós gostamos de jogar:
      • Em 2007, a Google adquiriu a Adscape Media, uma empresa que possuía uma patente destinada a colocar publicidade em jogos. Parece que esta patente ficou guardada, mas o interesse da empresa no mercado de games ainda perdura.
      • Ela já teve uma tentativa fracassada de entrar neste mercado com o Google Lively.
      • Recentemente ela adquiriu a LabPixies, uma pequena fabricante de jogos.
      • Mais recentemente lançou no YouTube um jogo on-line, o Google Chrome Fastball.
      • Em 2008 surgiu um boato, depois desmentido, de que a Google estaria comprando a produtora de games Valve Software ou apenas o seu sistema de jogos on-line Steam. Seria uma ótima compra, que ainda pode ser feita.
      • Outro movimento que prova a breve entrada da Google no mercado de games foi o investimento no valor aproximado de USD$ 100 milhões na produtora de jogos Zinga, que desenvolveu, entre outros, o Farmville, popular plataforma de jogos sociais que roda no Facebook.
      • Pensando bem, a Google poderia pensar seriamente em desembolsar algo em torno de USD$2 bilhões (ou até mais – não seria caro) para comprar a Zinga porque, desta forma, com um só movimento, teria uma empresa que fatura aproximadamente ou até mesmo o tanto que o Facebook e ainda é a que mantém o maior tráfego naquela rede social. Seria, portanto, um negócio excelente.
      • De qualquer forma, seja de forma orgânica ou por aquisições, a Google terá que entrar neste mercado e não deverá demorar muito a fazê-lo.
    7. Nós gostamos de comprar e vender:
      • Em termos de comércio eletrônico, a Google come poeira se a compararmos com a Amazon e com o eBay.
      • Precisamos considerar que a empresa vai querer crescer neste meio, seja no comércio entre empresas, seja no comércio direto ao consumidor e seja organicamente, seja por fusões ou por aquisições.
      • Neste campo, os grandes concorrentes são grandes demais para serem adquiridos e os pequenos são mirrados demais, não valendo o investimento.
      • Eu acreditaria, no futuro, em uma tentativa de fusão com a Amazon, mas também não creria que os órgãos reguladores da concorrência nos Estados Unidos permitiriam esta operação porque poderia gerar monopólio no setor de comércio eletrônico e também de livros digitais. Uma outra saída seria comprar ou se associar ao site de comércio eletrônico chinês Alibaba.com, o que seria bastante difícil porque a Yahoo! é sócia da empresa.
      • Outra opção poderia ser a aquisição do site de comércio eletrônico Milo. Ele permite a comparação dos preços dos produtos existentes em lojas físicas via aparelhos celulares, encaminhando o consumidor para comprar onde for mais barato e permitindo, inclusive, testar fisicamente o aparelho.
      • Há quem acredite que a Google tomaria este caminho porque é mais barato e porque completaria a sua tecnologia.
      • Fora isso, restaria a ela apenas crescer nesta área de forma orgânica.
    8. A Web é a biblioteca de Alexandria dos tempos modernos:
      • O projeto da Google de digitalizar grandes bibliotecas tem como objetivo explorar o mercado de livros digitais.
      • A integração da tecnologia de OCR da recentemente comprada reCAPTCHA com o Google Books e ao Google Translate permitirá, em breve, a quebra de barreiras de idiomas na leitura de livros.
      • O lançamento do Google Chrome OS permitirá o lançamento de tablets com este sistema operacional, o que, adicionado aos milhões de iPads do mercado, veremos o alavancar do mercado de livros digitais da biblioteca da Google.
      • Além do mais, a Google vai montar uma livraria on-line, a Google Editions, ou seja, começará a competir com a Amazon e outras na venda de livros digitais.
    9. A Web é um ótimo lugar para encontramos os amigos:
      • A Google nunca teve muita sorte com redes sociais. Da mesma forma, parece não estar disposta a gastar rios de dinheiro para comprar empresas de redes sociais.
      • Aparentemente, poderia gastar até pouco mais de USD$ 1 bilhão para comprar o Twitter, não algo em torno de USD$ 15 bilhões, como já chegou a ser avaliado o Facebook.  Afinal, investimentos em redes sociais são muito arriscados porque seu tráfego cresce em progressão geométrica, mas cai no mesmo ritmo (que digam Bebo, MySpace e outros).
      • Ademais, os usuários destas redes sempre são muito sensíveis ao uso de seus dados para efeito de publicidade.
      • Assim, neste campo, não dá para gastar muito com aquisições, se os riscos são tão grandes.
      • A Google está preferindo comprar os dados das redes sociais a comprar as próprias redes. Desta forma, ela obtém o leite sem precisar comprar a vaca porque, se a vaca morrer, ela não teve grande prejuízo.
      • Por fora, está investindo em redes próprias como Orkut, Buzz e, futuramente, Google Me, tudo para concorrer, tentando tomar um pedaço do mercado dos concorrentes.
      • Por enquanto está comendo poeira e nada indica que este quadro mudará nos próximos 10 anos. Mas isto é importante? Parece que sim, porque a Google está investindo forte no desenvolvimento do Google Me com vistas a tentar concorrer fortemente com o Facebook, conforme reportagem do Daily Telegraph;
      • Em post publicado no Google Operating System foi dito que internamente na gigante das buscas nunca se deu muita importância às redes sociais. Será que agora este pensamento mudou? Tudo indica que sim.
    10. Quero ser forte na Ásia:
      • Apesar de ser líder na maior parte do mundo, a Google não consegue competir com os buscadores Yandex, na Rússia, Baidu, na China, Yahoo! Japão e Naver, na Coreia do Sul.
      • Em todos os casos é patente a dificuldade da gigante de buscas em tratar as diferenças culturais notadamente no que toca a idiomas tão complexos.
      • No que tange especificamente à Baidu e à Yandex, há também problemas de insegurança jurídica e nacionalismos nada disfarçados nos países de origem destes sites, o que dificulta sobremaneira a competição por parte dos buscadores estrangeiros.
      • De qualquer forma, tratam-se de quatro mercados potenciais ou efetivos de grande monta, dos quais a Google não poderá manter distância e terá que tentar conseguir uma fatia expressiva. No entanto, terá que investir muito nos próximos 10 anos, seja de forma orgânica, seja por meio de aquisições.
      • Não esperem, entretanto, uma conquista fácil em quaisquer destes mercados.
    11. Todos nós gostamos de música:
      • O mercado de música na Internet é um dos maiores que há, sendo capaz de gerar fortunas (que o diga a Apple e sua iTunes).
      • Não seria de se esperar que a Google ficasse muito tempo longe deste mercado. De fato, não está, porque o YouTube pode ser considerado maior site de músicas da Internet e o Vevo o seu sub-site de músicas com DRM.
      • O serviço de buscas universais da Google já apresenta muitas informações de artistas, mas ainda é muito fraco quando o assunto é permitir que o internauta ouça músicas diretamente no navegador. Isto certamente mudará e não deverá demorar muito, porque a Google adquiriu em março do ano passado a Simplify Media, uma empresa especializada em permitir o compartilhamento via Internet de todos as suas mídias (músicas e fotos protegidas por DRM incluídas) para outros dispositivos e com seus amigos, sem que os usuários sofram problemas de direitos autorais. Quando isto acontecer, será possível por exemplo, compartilhar com amigos as músicas que você comprou no iTunes e colocá-las em seu site, computador ou celular.
      • Isto, inclusive, representará uma pedra no sapato da Apple, que sempre dificultou esta prática.
      • Fala-se até que a Amazon MP3, serviço de venda de músicas da Amazon poderia estar junto nesta empreitada para criar mais musculatura no embate contra a Apple.
    12. Queremos Internet na TV e TV na Internet:
      • A chegada do YouTube mostrou que um dia a televisão iria, de certa forma, se fundir com a Internet.
      • Depois dele vieram sites que buscaram colocar conteúdos de TV na Internet, tais como Joost, Hulu, etc.
      • Agora, a Google quer lançar a sua Google TV, que promete levar a Internet para dentro da televisão, integrando ambas as mídias.
    13. Eu quero lhe fazer perguntas diretas e receber respostas exatas:
      • Há muito se fala em buscas semânticas ou linguagem natural na Internet, no entanto, parece que ainda estamos muito longe deste objetivo.
      • Em 2008, quando ainda desenvolvia o Bing, a Microsoft comprou a Powerset, que prometia fazer a tão desejada busca semântica. No entanto, apesar de ter apresentado uma grande evolução nas buscas da MS, a Powerset não se mostrou a revolução desejada.
      • O Wolfram Alpha também não conseguiu nos trazer a busca semântica, apesar de ser uma evolução no quesito respostas a questões anteriormente programadas.
      • Débora Bossois, em excelente post publicado em 2008, levantou as dificuldades de se chegar à linguagem natural e terminou por citar o serviço True Knowledge como sendo promissor. Tive a curiosidade de testar hoje o True Knowledge em comparação com o Google, o Bing e o Yahoo!. O True Knowlege realmente aceita buscas em linguagem natural, mas apenas em inglês, enquanto que os três buscadores principais (Google, Bing e Yahoo!) aceitam em todos os idiomas por eles suportados.
      • O True Knowlege não responde a todas as perguntas feitas em inglês, mas quando o faz, costuma apresentar respostas precisas. Por outro lado, os demais buscadores, principalmente o Google, apresenta respostas a maior número de perguntas, inclusive às mais complexas, e em menos tempo, mesmos que estas não se apresentem ainda naturais.
      • O usuário deve se perguntar o que é mais importante: se a resposta em formato natural ou a pergunta e a resposta em seu idioma encontrados de forma rápida e não tão natural, mas eficiente.
      • Eu, particularmente, tenho dúvidas mesmo de que a verdadeira linguagem natural na Internet seja possível em larga escala e a curto prazo.
      • De qualquer forma, acredita-se que a Google esteja a persegui-la e este deve ser um dos universos que devemos considerar para os próximos 10 anos, apesar de todas as ressalvas no que tange à dificuldade da obtenção da tecnologia.
      • A aquisição da Metaweb, que se propõe, por meio de algo parecido a uma rede social, usar a força das multidões para etiquetar os diversos documentos da Web me parece que pode ser um passo importante no sentido de obter bons resultados na obtenção futura da web semântica, desde que, é claro, a Google consiga a real adesão dos usuários, o que ainda é uma incógnita.
      • Isto se deve ao fato de que a gigante das buscas precisa estar na ponta da pesquisa tecnológica referente a isto, sob pena de perder todo o seu mercado, mesmo que isto represente adquirir empresas iniciantes com tecnologias revolucionárias.
      • Importante ressaltar, entretanto, que a tecnologia adquirida com a Metaweb pode vir a se tornar, a médio prazo, em algo expressivo. Tudo depende da quantidade de investimentos que receber e de seu real potencial de indexação da Web para dar-lhe contornos semânticos e em todos os idiomas. Isto, hoje, nos é impossível saber, porque seria preciso ter acesso às próprias patentes da empresa adquirida para fazer a análise.
      • O que me parece que poderá dar resultados mais rápidos já nos próximos anos são as chamadas buscas sociais.
      • Para tanto, a Google comprou a Aardvark, uma empresa especializada em perguntas e respostas, usando para tanto a chamada força dos muitos, baseada nas redes sociais, principalmente o Facebook.
      • Trata-se de um serviço muito interessante porque nos permite consultar pessoas humanas e não máquinas e delas obter, não instantaneamente, mas, na maioria das vezes, com grande precisão, respostas a questões extremamente complexas. Os questionamentos podem ser feitos por voz, SMS, e-mail etc. Por enquanto, pelo menos, admite perguntas apenas em inglês e não há qualquer indicativo de que se tornar multilingue. No entanto, a própria característica da Google, que é uma empresa global, tende a tornar, no futuro uma ferramenta aberta a vários idiomas.
      • É ainda cedo para se saber qual é realmente a estratégia da Google para este segmento de buscas sociais, entretanto, ele abre um leque muito interessante na medida em que permite adentrar em todas as redes sociais para obter respostas a questionamentos pessoais e complexos somente possíveis, às vezes, com intervenção humana.
      • Caso você se interesse pelo tema, vale ler o paper escrito pela própria equipe que desenvolveu o produto.
      • Aparentemente, a Google estaria abrindo um canal para que os usuários pudessem obter estas buscas mais complexas e, conjuntamente, fazendo um grande banco de dados com os resultados, mas isto me parece pouco diante das possibilidades existentes no horizonte.
      • Acredito, portanto, que algo mais virá no futuro e que hoje não nos é possível vislumbrar por falta de dados concretos.
    14. Se eu falo Português, Swahili ou Urdu, por que me obrigas a falar e escrever em Inglês?
      • Um dos grandes desafios dos grandes buscadores é levar as pesquisas no idioma dos usuários.
      • Para tanto é necessário que haja possibilidade de tradução de máquina para textos em todos os idiomas.
      • O Google consegue traduzir hoje em 57 idiomas que, se contadas as possibilidades de cruzamentos, conferem a possibilidade de 3.249 pares de idiomas possíveis para traduções.
      • Este sistema não permite apenas a tradução de textos nestes idiomas mas também a formulação de um questionamento (Rio Amazonas, por exemplo) em sua língua (Português, por exemplo) e o recebimento de respostas escritas em outros 5 idiomas (Inglês, Eslovaco, Vietnamita, Indonésio e Finlandês, por exemplo). E o que é melhor é que os sites já lhe são mostrados devidamente traduzidos para o seu idioma de escolha.
      • Segundo a Revista Veja, nos próximos 10 anos, a Google aumentará o número de idiomas suportados para 250. Assim, praticamente acabarão as barreiras linguísticas relativas às traduções de textos.
      • Entretanto, há outra barreira linguística que ainda está longe de ser resolvida. Trata-se do reconhecimento de fala e transformação da fala em texto e, a partir dela, a tradução simultânea. Em outras palavras, um software reconhece o que o indivíduo está falando e o transforma em texto escrito. A partir disso é possível a tradução do texto.
      • O simples reconhecimento de fala e transformação de fala em texto corrente de forma perfeita já seria uma verdadeira revolução nos editores de texto porque permitiria a eliminação da digitação. Acontece que esta tecnologia ainda demorará alguns anos a ser implementada porque é muito difícil de ser desenvolvida. Em verdade, a IBM (Via Voice), a Microsoft e a Nuance já tentaram, mas somente a Nuance, que comprou o Via Voice e se uniu a extinta Dragon conseguiu algo de qualidade e, mesmo assim para os idiomas Inglês, Francês, Italiano, Espanhol, Alemão e Holandês.
      • Isto demonstra o quando é difícil desenvolver esta tecnologia.
      • O passo que a Google está dando agora e pouca gente está notando é a busca por voz nos celulares do Google Voice Search. Neste serviço, você faz a query por voz no idioma definido a busca lhe é fornecida por texto no smartphone. Por enquanto, o serviço está disponível para os idiomas Inglês (americano, britânico, indiano e australiano), Mandarim, Japonês, Francês, Alemão, Italiano, Espanhol e Coreano.
      • Testei o Google Voice Search em Inglês por várias vezes e encontrei bons resultados. Em Mandarim falei a única frase que sabia e apareceu uma pesquisa naquele idioma, mas não posso garantir que estivesse certo. Testei também em Alemão, Francês, Italiano e Espanhol. Em todos eles encontrei ótimos resultados. Ah! Eu não falo nenhuma destas línguas. Isto é um feito notável da tecnologia.
      • Mas a Google quer ir mais além. Seu objetivo é também fazer com que você fale ao celular, por exemplo, em Português com um interlocutor no Japão e ele o entenda em Japonês e ele fale em sua língua natal e você o entenda em Português.
      • Isto será possível? Talvez sim, em 2020.
    15. Queremos pesquisar cada vez mais coisas e cada vez mais fundo:
      • A proposta de compra da ITA Software demonstra que a Google pretende dar uma guinada em sua forma de apresentar pesquisas sobre diversos temas, tais como viagens, saúde, compras, informações locais, imóveis, empregos etc. É o que defende o jornal britânico The Guardian.
      • Para tanto, talvez precisará até que mudar a forma de apresentar os resultados de pesquisa para determinados tipos de questionamentos, como já faz o Bing para viagens.
      • É o que se convencionou chamar buscas verticais ou pesquisas verticais.
      • Além disso, terá que fazer nos próximos anos, várias aquisições, o que não será problema, porque conta com USD$ 30 bilhões em dinheiro em caixa, quantia esta que cresce a cada mês e que, aparentemente, não consegue a empresa bons ativos para gastar.
      • Na própria área de viagens, acredito que a Google ainda terá que adquirir uma empresa que forneça informações sobre ofertas de hotéis, aluguéis de automóveis, pacotes de turismo, cruzeiros marítimos, shows, eventos, entradas em parques temáticos, restaurantes e outras informações ligadas a viagens. Afinal, provavelmente, a recente compra do Ruba não atenderá a todas estas necessidades.
      • Acredito que duas boas candidatas poderiam ser a Kayak e a Orbitz, mas poderá ser um concorrente desta empresa, como Travelocity, Priceline ou o grupo Expedia-Hotwire-TripAdvisor, ou ainda, como no caso da compra da ITA, um motor de buscas direcionadas às informações desejadas.
      • Na área de saúde, a Google possui o Google Healh, mas tem muito pouca relevância no mercado. Precisará, no futuro, investir nesta área, para poder crescer, provavelmente por meio da aquisição da WebMD, com quem já andou conversando em 2007, ou de outra concorrente, como o conglomerado de sites ligados aos cuidados de saúde Waterfront Media – Everyday Health, por exemplo.
      • No setor de compra/venda de imóveis, a Google já presta serviços atraves do Google Maps, mas precisa avançar no sentido de fornecer melhores e mais profundas informações sobre comércio, aluguel, orientações de especialistas, tendências de mercado, busca de profissionais na área de imóveis, financiamentos e refinanciamentos etc.
      • Isto somente será possível com a incorporação de um site de buscas especializado.
      • Em dezembro de 2009, a Google conversou com o Trulia, que pertence ao The Washington Post, mas parece que a coisa não evoluiu. Há outros grandes players no mercado, sendo o Zillow o lider do mercado.
      • A Google precisa também se aprofundar no mercado de empregos e, para tanto, talvez tenha que adquirir alguma empresa.
      • Neste setor não basta indicar vagas de empregos. É preciso também ter um motor que permita ao candidato apresentar currículo, orientar sua carreira, descobrir qual a formação profissional mais adequada, os salários oferecidos pelo mercado etc.
      • Os grandes concorrentes na área de empregos nos Estados Unidos são a Monster, Indeed, Person Force entre outros.
      • Outro setor em que a Google precisa crescer é o de informações locais, ou seja, sobre onde encontrar nas cidades as mais diversas coisas, tais como: restaurantes, profissionais de saúde, serviços domésticos, baladas, hotéis, viagens, serviços de educação, cuidados com animais, imóveis etc. Em suma, nesta categoria de buscas verticais, temos, na verdade, um grande serviço de classificados, tais como nos jornais, no Yellow Pages, no Craigslist e outros.
      • A empresa tentou adquirir o Yelp, que além de ter estas características, tem também natureza de rede social, porque os próprios consumidores são chamados a dar opiniões sobre os produtos e serviços. Não conseguiu fechar o negócio. No entanto, não acredito que tenha desistido definitivamente de adquirir o ativo.
      • Se conseguir, no futuro, adquirir o Yelp, talvez possa evitar de comprar outras empresas listadas acima. Entretanto, acho que os serviços prestados por estes sites não são colidentes, mas complementares e, portanto, talvez possa haver compras de ativos, cujos serviços sejam aparentemente sobrepostos.
      • Pelo demonstrado, há possibilidade de a Google comprar muitas empresas grandes nos próximos 10 anos, para incrementar suas buscas verticais.
    16. Eu sei que meu trabalho suja o planeta, mas quero mudar:
      • Todos nós sabemos que os buscadores de Internet são enormes consumidores de energia elétrica. Trata-se, na verdade, de uma das indústrias mais dependentes desta fonte de energia.
      • Sabemos também que a maior parte dos centros de dados destas empresas (Google principalmente) estão nos Estados Unidos, onde 89,6% da energia elétrica é produzida por meio de usinas térmicas movidas por fontes energias fósseis ou nucleares, sendo que, dentre elas, 44,9%, são movidas a carvão mineral, a fonte fóssil mais poluidora que existe.
      • Logo, sem sombra de dúvida, a indústria de buscas na Internet é uma indústria suja por excelência e a Google, como o seu maior expoente, também uma empresa suja do ponto de vista ambiental.
      • É por este motivo que ela investe em energias limpas.
      • Nos próximos 10 anos ela deverá investir em várias iniciativas destinadas a gerar energia elétrica limpa e renovável, como eólica, solar fotovoltaica, termosolar e geotérmica. Deverá também investir em biotecnologia destinada a buscar o desenvolvimento de seres vivos artificiais destinados a gerar hidrogênio de baixo custo, o que revolucionaria a produção de energia elétrica limpa no mundo e mudaria toda a indústria de energia, inclusive a do petróleo.
      • Estes investimentos não serão destinados apenas a mostrar que quer ser uma empresa ambientalmente correta, mas, principalmente, porque o mercado de energia é muito maior que o de buscas. Assim, se os investimentos feitos obtiverem sucesso, a Google será sócia da nova indústria de energia limpa.
    17. Se é inovação quero para mim.
      • O que mantém a indústria de alta tecnologia é a inovação. Sem ela, os produtos ficam facilmente obsoletos e as empresas tendem rapidamente a morrer.
      • O que mais deve meter medo na Google é não conseguir se manter na ponta da tecnologia.
      • Para evitar este problema ela doa aos empregados 20% de seu tempo para desenvolvimento de projetos próprios, porque aí eles tendem a ter tempo para pensar em novos produtos.
      • Além disso, a empresa procura sempre adquirir as novas tecnologias que aparecem no mercado nas mãos de pequenos concorrentes, comprando justamente estes concorrentes. Os riscos são não atentar para a sua existência, ou atentar, mas não conseguir atraí-los para seu portfólio.
      • Afinal, é importante lembrar que o maior desafio que a Google enfrentará nestes próximos 10 anos será evitar a fuga de cérebros ou a sua reposição via aquisições de empresas inovadoras ou contratações de novos empregados de forma a gerar inovação interna com o objetivo de não se tornar uma empresa gigantesca que lucra muito mas que não inova e, por isso, pode se tornar pouco importante no mercado. Podem estar certos que este é um desafio gigantesco e um risco maior ainda.

Em linhas gerais, este me parece ser o caminho a ser adotado pela Google nos próximos 10 anos. Não tenho a pretensão de acertar tudo e nem de ser axaustivo, mas apenas de dar leves pinceladas no tema.

Fonte: Google Discovery

 

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