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Origem de algumas expressões populares

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Do arco-da-velha

Atualmente utilizada para indicar que algo é muito velho ou muito antigo, a expressão “do arco-da-velha” originalmente indicava algo surpreendente, fantástico.

A origem da expressão é bíblica e explica que, após um grande dilúvio, Deus sugeriu a Noé que fosse feita uma aliança entre os homens e ele. Essa aliança foi representada por um arco-íris que surgiu então no céu. Daí o sentido de fantástico.

O arco-íris passou a representar o arco da velha aliança (entre Deus e os homens).

A expressão possui uma variação, arca-da-velha, que consiste em um tipo de baú onde senhoras idosas guardavam seus pertences, alguns deles relíquias. Daí o sentido de velho; antigo.

Fazer ouvidos de mercador

A expressão “fazer ouvidos de mercador” significa não ouvir por decisão própria de ignorar o que outra pessoa está dizendo.

A versão mais popular da origem da expressão afirma que o mercador, pessoa que se deslocava entre diferentes locais para vender mercadorias, gritava tanto para anunciar e publicitar seus produtos que acabava ficando totalmente indiferente a quem com ele falava, pois não os conseguia ouvir.

Uma segunda versão indica que a palavra correta seria marcador e não mercador. O marcador era o senhor que, na época da escravidão, marcava os negros escravos com ferro quente, como se costuma fazer com o gado.

Apesar dos gritos de dor proferidos pelos escravos, o marcador não podia se sensibilizar. Ele fingia não estar ouvindo nada e prosseguia, assim, com seu trabalho.

De meia-tigela

Quando dizemos que algo é “de meia-tigela” estamos nos referindo a algo sem qualidade e/ou insignificante.

A origem da expressão tem por base a época da monarquia portuguesa. Durante esse período, os funcionários da realeza eram alimentados de forma que a quantidade de comida recebida fosse proporcional à função desempenhada.

Essas quantidades estavam predefinidas em um livro oficial chamado de “Livro da Cozinha del Rei”.

Assim, enquanto os funcionários com cargos de hierarquia mais alta comiam uma tigela inteira, os de hierarquia mais baixa comiam apenas meia tigela.

Vá tomar banho!

Atualmente, quando dizemos “Vá tomar banho!” a alguém, mostramos a essa pessoa que provavelmente estamos irritados por ela estar nos chateando.

A origem da expressão está relacionada com o período da monarquia portuguesa no Brasil. Naquela época, o banho não era um hábito comum. Alguns membros da corte passavam dias e dias com as mesmas roupas, que também não eram lavadas.

Os habitantes indígenas, incomodados com o mau cheiro e já fartos de receberem ordens dos portugueses, costumavam dizer a eles que tomassem banho.

Tomar banho era sinônimo não só de higiene, mas também de purificação. Acreditava-se que um banho limpava também as desonestidades e impurezas da alma, e melhorava o caráter.

Assim, também era comum dizer a alguém para ir tomar banho quando considerava-se que essa pessoa era impura.

Colocar panos quentes

“Colocar panos quentes” é uma expressão de uso figurado, utilizada para fazer referência a uma tentativa de amenizar uma situação. O objetivo principal é o de apaziguar um problema, evitando, assim, que uma confusão seja instaurada.

A origem da expressão tem por base um tratamento terapêutico paliativo, no qual panos quentes são aplicados sobre determinada parte do corpo para aliviar dores e/ou sintomas como, por exemplo, a febre.

A aplicação de calor para combater a dor ajuda a relaxar os músculos e, com isso, a evitar espasmos. O calor dos panos quentes também tende a causar uma transpiração que resulta na diminuição da temperatura do corpo. Isso pode levar ao término da febre.

Apesar de não curar o motivo do problema, os panos quentes proporcionam uma sensação de alívio que ajuda a controlar o problema temporariamente.

Um processo semelhante acontece com o uso da expressão. Ao “colocar panos quentes” em determinada situação, não se resolve o problema, porém encontra-se uma solução temporária.

Tempo é dinheiro

A expressão “tempo é dinheiro” é utilizada para indicar que, em um contexto laboral, o tempo utilizado para fazer algo acaba por ser um tempo vendido. Afinal, a pessoa que trabalha recebe determinado valor pelo tempo que passou trabalhando.

A frase também costuma ser interpretada de uma segunda forma: o tempo que uma pessoa tem livre também pode ser “transformado” em dinheiro se utilizado para realizar uma atividade que dê dinheiro (por exemplo, vender algo, trabalhar, etc.)

A expressão teve origem em uma frase do filósofo grego Teofrastos, que afirmou em um de seus livros que “o tempo custa muito caro”.

Teofrastos levava uma média de 2 meses para escrever cada um de seus livros e o tempo que ele passava escrevendo acabava por voltar para ele sob a forma de dinheiro.

Depois de saber disso e de ler as obras do filósofo, o físico americano Benjamin Franklin concluiu que, afinal, “tempo é dinheiro”.

Meter o bedelho

“Meter o bedelho” significa intrometer-se em um assunto que não diz respeito a si próprio.

Bedelho tem dois significados principais. A palavra designa a pequena tranca posicionada na horizontal entre os batentes de uma porta ou janela, de forma a permitir que ela seja fechada ou aberta, e também um trunfo pequeno, insignificante, em um jogo de cartas.

Diz-se que esse segundo significado estaria mais relacionado com a origem da expressão.

Quando uma pessoa “mete o bedelho” em algo, ela geralmente dá uma opinião intrometida, insignificante, sem importância.

O mesmo acontece no jogo de cartas. Um bedelho usado é praticamente uma carta forçada; não faz muita diferença no jogo e, por isso, é irrelevante.

Dar a mão à palmatória

“Dar a mão à palmatória” significa “confessar ou admitir um erro”; “reconhecer que não tem razão”.

A palmatória é um antigo objeto de madeira formado por um cabo onde uma das extremidades é mais larga e geralmente arredondada. Antigamente, ela era utilizada pelos professores para bater na palma da mão de alunos como forma de discipliná-los.

Quando os alunos estavam errados, eles estendiam um dos braços com a palma da mão voltada para cima de modo que o professor pudesse bater nela utilizando a palmatória.

A origem da expressão faz alusão à antiga metodologia utilizada por professores, onde os alunos, ao admitir um erro, literalmente davam a mão à palmatória.

A cavalo dado não se olha os dentes

A expressão significa que quando se recebe algo, não se deve fazer exigências, nem cobranças nem questionamentos sobre aquilo que é recebido.

A origem da expressão está relacionada com a comercialização de cavalos. Antigamente, os compradores tinham o hábito de observar a arcada dentária do animal antes de fechar negócio.

Através do estado dos dentes do cavalo, era possível saber, por exemplo, se o animal era jovem ou não. Assim, mesmo que o vendedor tentasse mentir a idade do cavalo que estava por vender, a mentira poderia ser facilmente descoberta.

No que diz respeito à expressão, a ideia é uma analogia: assim como seria indelicado por parte de uma pessoa que ganhasse um cavalo ficar verificando os dentes do animal para saber se ele é jovem, adulto, etc., também seria indelicado que uma pessoa presenteada ficasse fazendo questionamentos sobre o presente recebido.

Dizer cobras e lagartos

A expressão “dizer cobras e lagartos” é utilizada de duas formas diferentes para indicar agressividade verbal.

A diferença entre os sentidos é definida pelo uso das preposições “de” e “para”.

Uma pessoa que diz cobras e lagartos para outra, profere ofensas e insultos contra ela. Já uma pessoa que diz cobras e lagartos de outra, fala muito mal dela.

O uso da expressão tem origem popular e se baseia na relação de antipatia existente entre a cobra e o lagarto, animais tão antagônicos como, por exemplo, o gato e o rato.

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